sexta-feira, novembro 25, 2005

Sou eu

Mais pra sessão retrospectiva:

"Sou eu que saio
que bebo, que como
sou eu que pago.
sou eu que visto
que olho, que gosto
sou eu que escolho.
sou eu que choro
sozinha e as lágrimas
sou eu que enxugo
sou eu que me chateio,
me alegro, me declaro
penso, escrevo, apago
planejo e engaveto,
planejo e faço.
sou eu que desconfio
que caio de cabeça,
que fujo do frio
sou eu que sigo sempre
firme, forte, indiferente."

dezembro, 2002

sexta-feira, novembro 18, 2005

Expediente

No auge das preocupações eu respiro fundo, como se o ar pudesse me dar respostas e soluções.
Respiro fundo porque quando penso demais fico num estado tal de sufoco que sinto como se estivesse mergulhada numa piscina prendendo o ar até quase morrer.
Roxa de preocupações.
Quando estou preocupada eu respiro fundo e relaxo os meus músculos faciais e o meu cérebro e paro de me preocupar.
Simplesmente porque não vale a pena.
Tudo isso baseado na minha certeza mais motivadora: a de que amanhã vai chegar, aconteça o que acontecer.
(mesmo que não chegue pra mim, chegará para os outros e, bom, se um dia o amanhã não chegar... poupe-me de mais esse pensamento).
O tempo é implacável, a vida é implacável.
Ainda bem!
Pelo menos não depende de mim, além de tudo, que os dias passem.
Há preocupações que eu sempre adio, na esperança que um dia prescrevam.
Há outras que eu jogo no armário pra 'fazer depois'.
Porque a vida é mais que isso, por favor!
Eu preciso de mais tempo pro meu ócio:
Preciso reservar algumas horas do meu dia pra não pensar.
Não, dormir não serve, preciso não pensar acordada, para poder curtir cada minuto de existência pura, plena e despreocupada.

Queria só viver de expediente, com hora pra começar e hora pra terminar, assinando ponto no livro das preocupações. Meu serviço incluiria férias, décimo terceiro, plano de previdência e fundo de garantia.
Aí eu só ia pensar no meu horário de trabalho e o que não desse pra terminar de pensar hoje - mas que droga! - ficaria pra pensar amanhã.

domingo, novembro 06, 2005

Aspiração

Quanta pretensão, hein?

Eu tô querendo tanto que nem sei. Nem sei por onde começar.

Eu queria escrever muito bem, assim, arrebatadoramente bem. Meu sonho era ler o mundo nas minhas palavras. Meu sonho era ser como alguns amigos meus que eu admiro tanto.
Meu sonho era que meus textos fossem uns tapas na cara de todo mundo de tão arrebatadores.

Meu sonho era ter um talento absurdo e pensar rapidíssimo, impressionantemente.

Tudo isso só pra te conquistar.

Um dia eu vou parar e vou cozinhar pra você com todo o Sazon que tem no meu coração. Vou te mostrar o tamanho do meu coração e como eu posso ser boazinha. É que eu guardo tudo de bom que eu sou pra quem merece. O que sobra pros outros é só amostra grátis.
Eu vou te mostrar todas as minhas músicas secretas que eu não mostro pra ninguém e a gente vai ouvir na minha varanda, à noite, com velas coloridas e incenso queimando.

Eu vou te mostrar todo o lirismo do mundo que eu juntei e guardei.
Pra te mostrar.

Vou te mostrar alguns dos meus segredos.
Não todos, só alguns.

E nós seremos felizes, com tudo o que eu sou e tudo o que você é.
E isso vai bastar.

E as nossas horas serão maravilhosas e únicas e completas.
As nossas horas.

Serão horas escondidas do mundo pra serem mais nossas. Serão todas as rebarbas de tempo escondidas pra serem mais horas. As nossas horas nesse dia serão mais nossas que nunca e no céu você vai ver fogos estourando e estrelas cadentes no meio da fumaça doce subindo, da pouca luz, dos acordes lentos e estalos do vinil, dos arrepios silenciosos da minha pele na sua. Isso porque o céu nunca viu nada tão incrível, nada tão absolutamente incrível, inesperado, inusitado, impossível.

O céu vai ver a perfeição consumada e vai chover estrelas na minha varanda.

E então eu não vou mais precisar escrever tão bem, só por hobby, porque eu já vou ter tudo o que eu queria.